segunda-feira, 4 de abril de 2011

Delegado do Bahrein em sabatina e apresentação

Entenda a situação política e a crise na Líbia

Conflito na Libia

País está à beira da guerra civil, entre forças leais e contrárias a Muammar Gaddafi
Robert Schimidt/AFP 
Robert Schimidt/AFP

Forças de Gaddafi bombardeiam e retomam o controle da cidade petrolífera de Ras Lanuf, no dia 10 de março
Mergulhada em uma guerra civil, a Líbia é hoje uma nação dividida entre as forças leais ao ditador Muammar Gaddafi e a oposição, que domina o leste do país e pede por democracia. Há mais de quatro décadas no poder, Gaddafi resiste ao movimento que pretende por fim ao seu regime autoritário.

A repressão aos manifestantes e a contraofensiva (para recuperar cidades perdidas para os opositores) já deixou cerca de 6.000 mortos, segundo organizações de direitos humanos.
Diante da promessa de massacre aos rebeldes, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) autorizou na uma intervenção militar na Líbia para “proteger a população civil”, além de criar uma zona de exclusão aérea no país. Estão autorizados bombardeios aéreos, mas sem ocupação terrestre de tropas da coalizão.
O governo líbio prometeu um cessar-fogo imediato, mas as forças de Gaddafi continuam a atacar fortemente cidades rebeldes. Desta forma, a França começou os ataques contra as tropas de Gaddafi, ação seguida mais tarde pelos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Itália.

Como a crise começou?
Oprimidos por quatro décadas de regime autoritário, vivendo sob péssimas condições econômicas em um país rico em petróleo e inspirados nas revoluções que derrubaram as ditaduras da Tunísia e do Egito, cidadãos líbios foram às ruas da Líbia a partir do dia 15 de fevereiro.
O movimento rapidamente ganhou força no leste do país, e a cidade de Benghazi (a segunda maior) se tornou o epicentro dos protestos.
A repressão respondeu com força, e o regime ordenou o bombardeio de manifestantes. Muitos militares desertaram e passaram a seguir as ordens de Gaddafi. Dois pilotos desviaram um caça líbio para Malta e pediram asilo.
O avanço da oposição
No dia 25 de fevereiro, Muammar Gaddafi apareceu em público e se disse disse disposto a morrer lutando. O filho do ditador, Saif al Gaddafi, alertou para o perigo de uma guerra civil e disse que rios de sangue correriam caso os protestos continuassem.
A partir do dia 20 de fevereiro, militares abandonam em massa o regime e vários diplomatas líbios deixam seus postos no exterior. O embaixador da Líbia na ONU pede que a comunidade internacional salvasse o país.
A oposição avançou e passou a controlar Benghazi, Tobrouk, Misrata e outras cidades do leste. Os líderes rebeldes fundam um conselho para a transição, já reconhecido como governo provisório pela França.
A ditadura contra-ataca
Gaddafi lançou uma contraofensiva no leste, bombardeando Benghazi. O avanço da oposição na cidade de Zawyia, a 50 km de Trípoli, provocou um massacre. Segundo organizações de direitos humanos, os mortos pela repressão podem chegar a 6.000.
Enfraquecido, Gaddafi passou a contratar mercenários no norte da África. A crise na Líbia também provocou um êxodo no país. Ainda assim, Gaddafi recuperou as cidades de Zawyia, em 4 e 5 de março, e Ras Lanuf, nos dias 8 e 9.

Segundo a ONU, mais de 150 mil pessoas fugiram do conflito, entre eles cerca de 500 brasileiros que viviam no país – a maioria funcionários de empresas multinacionais brasileiras, retirados de avião e navio para a Europa.
O regime também tem dificultado a cobertura da imprensa estrangeiras e prende jornalistas, entre eles o repórter do jornal O Estado de S. Paulo, o brasileiro Andrei Netto.
O mundo reage
A comunidade internacional condenou rapidamente a repressão sangrenta na Líbia. Os EUA anunciaram sanções ao regime no dia 25 de fevereiro. A ONU, que suspendeu a Líbia de seu Conselho de Direitos Humanos, e a União Europeia também anunciaram medidas contra a ditadura de Gaddafi nos dias seguintes. A Suíça congelou os investimentos da família no país.
A ONU também autorizou procuradores do Tribunal Penal Internacional a investigar crimes de guerra cometidos Gaddafi durante a repressão aos rebeldes. No dia 4 de março, a Interpol (polícia internacional) lançou um alerta internacional contra o líder líbio e 15 colaboradores.
O Brasil também condenou a repressão na Líbia.
Em 17 de março, o Conselho de Segurança da ONU autorizou uma intervenção militar e a criação de uma zona de exclusão aérea no país. Dois dias depois, a França deu início aos bombardeios contra tropas de Gaddafi, seguida mais tarde por Reino Unido, Canadá, Itália e Estados Unidos.

Delegada da Bolivia apresentando seu país em inglês

Brasileiros se destacam na história da ONU

Sergio - Filme obrigatorio para entender o papel de um diplomata na ONU

O homem que causava mais medo que Gaddafi

El País
Walter Oppenheimer
Em Londres (Reino Unido)
  • Gaddafi faz discurso à população e diz que Seremos vitoriosos no final Gaddafi faz discurso à população e diz que "Seremos vitoriosos no final"
Musa Imhimid Kusa, nascido em 1948, desenvolveu quase toda a sua carreira política à sombra de Muammar Gaddafi. Considerado em certo momento o braço-direito do coronel, ou um de seus muitos braços-direitos, consolidou sua influência durante os 15 anos que passou à frente dos serviços secretos da Líbia. A mudança geoestratégica causada pelos atentados de 11 de setembro de 2001 levou Kusa a se transformar em um dos principais promotores da aproximação da Líbia com o Ocidente. Uma mudança estratégica da qual dizem que Gaddafi sempre receou e que só aceitou a contragosto. E que parece estar na origem de um crescente afastamento mútuo que agora se concretizou em pura e simples deserção.
Os papéis do Departamento de Estado vazados pelo WikiLeaks desenham Kusa como um pragmático, desejoso de não provocar o Ocidente e incômodo com as intransigências de Gaddafi e alguns de seus desafios menos necessários. Um Kusa que já beira os 60 e que se parece muito pouco com o ardoroso estudante que no início dos anos 1970 entrevistou Gaddafi para seu trabalho de graduação em sociologia na Universidade de Michigan. "Era um homem muito brilhante", lembra no jornal "Los Angeles Times" o então orientador da tese e hoje responsável pelo departamento de sociologia, Christopher K. Vanderpool. "Teria feito muito bem se quisesse ser professor de planejamento social."
Mas Kusa rejeitou as ofertas de realizar um doutorado em Michigan e preferiu voltar à Líbia do coronel Gaddafi e começar sua carreira política como responsável pela segurança nas embaixadas líbias na Europa, transformando-se no embaixador em Londres em 1980. Uma etapa que seria muito breve. Declarações dele afirmando sua admiração pelos terroristas do IRA e uma entrevista no "Times" na qual expressou seu apoio ao assassinato de exilados líbios no Reino Unido provocaram sua expulsão.
Novamente em Trípoli, transformou-se no diretor do Centro Mundial de Resistência ao Imperialismo, um instrumento que tentava exportar a revolução de Gaddafi para outros países. No final dos anos 80 chegou a número 2 da espionagem líbia, a Organização de Segurança Externa. Alguns serviços de inteligência acreditam que nesse período Kusa idealizou ou apoiou vários atentados no exterior, como o do avião da PanAm que explodiu sobre Lockerbie, na Escócia, a explosão de um avião francês no céu do Níger ou o atentado a bomba em uma discoteca na Alemanha.
Depois de um breve período como nº 2 das Relações Exteriores, Kusa alcançou em 1995 o ápice dos serviços de inteligência, uma posição de enorme poder que manteve durante 15 anos, até 2009, quando foi nomeado ministro das Relações Exteriores.
O que parece uma ascensão, um cargo político de relevância pública, pode ser também uma prova de seu afastamento da sombra que mais o protegia: a de Gaddafi. Os acordos pelos quais a Líbia deixou de ser um país pária em troca de renunciar a seu programa de armamento nuclear e entregar os suspeitos do atentado de Lockerbie parecem ter minado a relação com o coronel.
As posteriores negociações para transferir à Líbia de uma prisão na Escócia o único condenado pelo atentado de Lockerbie lhe permitiram conectar-se diretamente com os serviços de inteligência britânicos, e de fato esteve duas vezes na Escócia durante essas negociações. Aquele vínculo pode ter facilitado agora sua fuga para o Reino Unido.
Seu distanciamento do coronel ficou patente em uma cúpula internacional em dezembro, quando se via Kusa com frequência fumando nos corredores, sem acesso à sala em que Gaddafi estava fechado com sua família e seu círculo mais próximo. Ou os rumores de que teve dois confrontos graves com filhos do líder líbio, e que em um deles um dos filhos o esbofeteou em público. Ou a anedota relatada por um correspondente da BBC, que acredita ter visto um Kusa mais humano e acessível em seus últimos anos à frente da inteligência.
Um Kusa muito diferente do que o que conheceu Jim Swire, pai de uma das vítimas de Lockerbie em uma viagem a Trípoli em 1998. "Era um homem que dava muito medo, mais medo que o próprio Gaddafi. Estava claro que era ele quem manipulava tudo", declarou ontem.
Baixas diplomáticas
Desde que começaram os protestos na Líbia, as deserções de políticos e diplomatas se sucederam como mostra de desafeto com o regime de Gaddafi.
- Ali Abdusalam Treki. O embaixador na ONU renunciou ontem a seu cargo no Cairo em protesto pela "espiral de sangue" no país.
- Abu Zayd Durda. O chefe da inteligência líbia decidiu fugir ontem para a Tunísia.
- EUA. O embaixador Ali Aujali comunicou em 22 de fevereiro que não continuaria representando o regime de Gaddafi.
- Austrália. Toda a embaixada rompeu relações com o ditador em 22 de fevereiro.
- China. Um diplomata se demitiu e instou todos os membros do serviço exterior a fazerem o mesmo.
- Índia. O embaixador Ali el Esaui renunciou ao cargo em protesto pela violência exercida pelo regime.
- Suécia. O embaixador em Estocolmo decidiu se opor a Gaddafi no mês passado.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Crise no mundo árabe

Manifestações contra o governo se espalham em países da África e do Oriente Médio após a queda do regime na Tunísia e no Egito

Benghazi, capital dos insurgentes líbios, busca uma difícil serenidade

Le Monde
Nicolas Bourcier
Enviado especial a Benghazi (Líbia)
  • Rebelde líbio faz guarda durante as orações de sexta-feira, na cidade de Benghazi, na Líbia 

  • Rebelde líbio faz guarda durante as orações de sexta-feira, na cidade de Benghazi, na Líbia


    • Sete semanas após o início da revolução, Benghazi vive no ritmo das incertezas do front. E está se esgotando. Em um clima de insegurança e de paranoia, a capital da oposição líbia está suspensa em um instável equilíbrio, entre a esperança e o desânimo, o medo e a dúvida.
      Ainda no domingo (3), diante de uma multidão de jornalistas, um dos porta-vozes do movimento de libertação anunciou pela enésima vez a retomada da cidade costeira de Brega, 170 quilômetros mais a oeste. Uma notícia desmentida no minuto seguinte ao final da conferência, longe dos microfones, por um membro do conselho local dos rebeldes, que acabara de voltar das linhas de frente. Como se Benghazi estivesse buscando a qualquer preço comemorar vitórias que não aconteceram. Sem que ninguém critique.
      Deve ser dito que a cidade foi salva pelo gongo. O avanço dos tanques do coronel Gaddafi pelas portas de Benghazi, no dia 18 de março, alastrou o medo. Salva no último momento pelos ataques aéreos ocidentais, ela vem se reerguendo aos poucos. Os rumores de atrocidades cometidas pelos déspotas do regime, que insurgentes têm transmitido pelo rádio, não ajudam na recuperação de um semblante de serenidade. A recente descoberta de uma lista de 8 mil pessoas residentes em Benghazi e que teriam sido agentes do Líder líbio também tem dado o que falar. Algumas delas teriam sido presas pelos chabab (jovens) em suas casas, e teria havido acertos de contas.
      Há dois dias, os incidentes noturnos são cada vez mais raros, mas eles ainda criam essa paranoia que impede uma volta à normalidade. As lojas continuam fechadas, em sua maioria. Os poucos bancos abertos só permanecem assim por algumas horas. A maioria dos funcionários não recebe há mais de três meses. E os combatentes civis continuam a percorrer as ruas, passando a imagem de uma evidente desorganização.
      Mas, acima de tudo, talvez seja a incapacidade dos opositores de Muammar Gaddafi em instalar um contrapoder eficaz e transparente que mais cause preocupação, ainda latente entre os rebeldes, mas cada vez mais perceptível além das fronteiras.
      Divergências no comitê
      O Comitê Nacional Transitório, assembleia de cerca de trinta pessoas criada nos dias que se seguiram à insurreição de 17 de fevereiro, e que deveria dirigir o país enquanto se espera a queda do Líder, não conseguiu imprimir sua marca. Somente um terço de seus membros revelou sua identidade. Os outros, originários de cidades onde a influência das tropas leais a Gaddafi ainda é forte, preferiram se manter anônimos por questões de segurança, o que não facilitou as coisas.
      Além de certas tensões e da imprecisão que cercava as atribuições de cada um, era publicamente sabido que o presidente do comitê, Moustapha Abdeljalil, ex-ministro da Justiça, e seu vice, Abdelhafed Ghoga, advogado e militante de direitos humanos que nunca fez parte do regime, não gostavam muito um do outro. Então foi decidido, com incentivo do presidente, que fosse associada ao comitê “uma equipe de crise” de dez pessoas, correndo o risco de complicar ainda mais as coisas.
      “São especialistas encarregados do executivo”, defende-se Moustapha al-Gueriani, um dos porta-vozes do movimento. “Homens que trabalharam por muito tempo no exterior, muitas vezes por razões políticas, e que estão voltando  com seu conhecimento. De agora em diante o Conselho se torna o órgão legislativo”.
      O organograma completo desse novo “governo” foi revelado no sábado (2), em Benghazi. À sua frente está Mahmoud Jibril, um empresário cujo nome já havia aparecido no comitê. Foi ele que, juntamente com Ali al-Essawi, ex-embaixador e agora “ministro” das Relações Exteriores, encontrou o presidente Sarkozy em Paris, no dia 11 de março. Sob sua direção, está Omar Hariri, célebre prisioneiro político, encarregado dos assuntos militares ao lado do general Abdel Fatah Younes, chefe do estado-maior e que havia participado juntamente com Muammar Gaddafi, em 1969, da deposição do rei Idriss.
      A cadeira de “ministro das Finanças” coube a Ali Tarhouni. Professor de Economia nos Estados Unidos, ele voltou à Líbia há um mês depois de 35 anos de exílio. Ele será responsável por recuperar o bilhão de dólares (R$ 1,61 bilhão) impresso por Londres para o governo Gaddafi e que não foi entregue. “Havia ali um vazio total”, ele reconheceu diante de um grupo de jornalistas, na semana passada. “Acho que isso influiu na formação do comitê. Nós iremos mudar tudo isso, eu lhes prometo”. A rebelde Benghazi não espera outra coisa.
      Tradução: Lana Lim

      Filhos de Gaddafi propõem plano para viabilizar saída do líder líbio

      DO "NEW YORK TIMES"

      Pelo menos dois filhos de Muammar Gaddafi estão propondo solução ao conflito na Líbia que implicaria em afastar o ditador para dar lugar à transição para uma democracia constitucional, sob a direção de seu filho Saif al Islam.
      A revelação foi feita anteontem por um diplomata e um funcionário da Líbia.
      Os rebeldes que desafiam Gaddafi e as potências aliadas que os apoiam com ataques aéreos até agora vêm insistindo sobre uma ruptura mais radical com os 41 anos de governo de Gaddafi, 68.
      E não está claro se Gaddafi concorda com a suposta proposta defendida pelos filhos Saif e Saadi, embora uma pessoa próxima deles tenha dito que o ditador parece disposto a aceitar a proposta.
      As propostas são também o sinal mais recente de que o regime de Gaddafi pode estar sentindo a pressão de mais de duas semanas de ataques aéreos de forças aliadas, que reduziram fortemente a vantagem das forças de Gaddafi.
      Na última semana, um ex-premiê líbio próximo de Gaddafi admitiu que emissários do ditador negociam acordo com as potências ocidentais.

      IMPASSE
      No front de batalha, continuava ontem a disputa pela cidade de Brega, revelando impasse na evolução do conflito entre rebeldes e Trípoli.
      Ontem, as forças aliadas atacaram alvos na cidade, estratégica para o escoamento de petróleo, e em Sirte, terra natal do ditador da Líbia.

      ONU bombardeia base de presidente da Costa do Marfim

      Helicópteros das Nações Unidas dispararam mísseis contra quatro alvos de Gbagbo, que se recusa a sair

      É a segunda vez em três semanas que a ONU se agrupa com rebeldes para um ataque militar a um chefe de Estado

      Legnan Koula/EFE

      Civis mostram que estão desarmados ao andar por Abidjã

      DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

      Helicópteros da ONU dispararam ontem mísseis contra quatro alvos, incluindo um palácio de governo, do presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, em Abidjã, maior cidade do país.
      A ação é a segunda em pouco mais de duas semanas em que forças sob a chancela da organização se aliam a rebeldes para um ataque militar a um chefe de Estado.
      Na Líbia, uma aliança liderada por países ocidentais bombardeia tropas do ditador Muammar Gaddafi.
      Em ambos os casos, a justificativa principal é a mesma: necessidade de proteger civis. No caso da Costa do Marfim, é também uma resposta a um ataque recente das forças de Gbagbo que resultou em 11 soldados feridos.
      Gbagbo (pronuncia-se "bagbô") recusa-se desde novembro a ceder o cargo para o oposicionista Alassane Ouattara, cuja vitória na eleição presidencial é aceita pela comunidade internacional.
      Desde a semana passada, oposicionistas rumaram a Abidjã para depor Gbagbo.
      O ataque da ONU foi liderado por tropas francesas agindo sob o manto da organização e alvejou, além do palácio, uma residência oficial e duas bases militares.
      Há relatos conflitantes sobre o número de helicópteros na ação, variando de um a três. Não há informações sobre vítimas. A ação foi pedida pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
      A ONU tem 10 mil soldados no país desde 2004. Um porta-voz da organização declarou que uma resolução do Conselho de Segurança aprovada na semana passada autoriza o uso de força.
      O presidente dos EUA, Barack Obama, pediu a saída do presidente marfinense.

      ATAQUE FINAL
      A resolução prevê que sejam utilizados "todos os caminhos para cumprir o objetivo de proteger a população da violência, o que inclui a proteção do uso de armamento pesado contra civis".
      Segundo a missão de paz, Gbagbo preparava-se para um ataque em bairros residenciais em Abidjã antes de ser alvejado pelos mísseis.
      No último fim de semana, no entanto, foram as forças ligadas a Ouattara que tiveram de responder a acusações de um massacre na cidade de Duekoue (oeste). Alguns relatos falam em mais de mil mortos, número negado pelo líder oposicionista.
      Naquele episódio, no entanto, a ONU não tomou nenhuma atitude, o que deu argumento a Gbagbo de que haveria parcialidade da comunidade internacional.
      Na cidade de cerca de 3 milhões de habitantes, centro econômico do maior exportador de cacau do mundo, moradores aguardam apreensivos pelo confronto final.
      Nas primeiras horas de hoje (horário local), explosões e tiros eram ouvidos na direção do palácio presidencial, segundo a TV estatal RTI. A residência de Gbagbo estava cercada por oposicionistas.

      O conflito marfinense

      A Costa do Marfim nunca esteve tão próxima, nos últimos oito anos, de um retorno à guerra civil de 2002-03. Forças do presidente Laurent Gbagbo enfrentam-se com partidários de Alassane Ouattara, vencedor das eleições de novembro, nas ruas de Abidjã, a antiga capital onde vivem 3 milhões dos cerca de 20 milhões de habitantes da ex-colônia francesa.
      Gbagbo está no poder desde 2000 e aferra-se a ele mesmo com reconhecimento internacional, tanto de potências ocidentais quanto de países africanos, de que foi derrotado na eleição do ano passado. Ouattara, primeiro-ministro no início dos anos 90, busca agora tomar à força o que as urnas lhe deram, a Presidência, mas seu adversário recusa-se a entregar.
      A realidade, no entanto, é mais complexa do que tal sumário permite supor. Em situações de conflito armado, as definições sobre mocinhos e bandidos tornam-se no mínimo borradas; quem parece deter a razão hoje pode transformar-se no vilão de amanhã.
      Tendo isso em vista, a comunidade internacional deve agir com toda a cautela antes de engajar-se em campanhas militares. O pilar da convivência entre nações é o princípio da autodeterminação dos povos. Só se deve cogitar seu rompimento em casos extremos de morticínio.
      Nos últimos dias, porém, as forças leais ao candidato vencedor, Ouattara, foram acusadas, por entidades como a Cruz Vermelha, de cometer um massacre em seu avanço rumo a Abidjã. Grupos humanitários estimam em 800 os assassinados, o pior episódio de violência em quatro meses. O caso deveria servir como um alerta.
      Os últimos desdobramentos demonstram, entretanto, que a comunidade internacional cogita abandonar a prudente distância do confronto. Um helicóptero da ONU disparou mísseis contra tropas de Gbagbo em Abidjã, após seguidos ataques contra sua missão de paz no país. O argumento de autodefesa não atenua o risco inerente ao fato de as forças internacionais começarem a tomar partido na incipiente guerra civil.
      A ONU e as potências devem atuar de modo decidido para proteger civis. Mas precisam evitar ao máximo imiscuir-se no que é, acima de tudo, uma disputa interna.

      sexta-feira, 25 de março de 2011

      UNDP


      http://www.youtube.com/user/undp?blend=1&ob=4

      Adopt A Negotiator Presents UNFCCC Perspectives: Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, WWF-

      UNFCCC portugues

      Quem defende os direitos humanos, combate todos os tipos de violência - Campanha do Balão

      Direitos Humanos: Para Ter Basta Ser

      O Brasil no CDH - Entrevista

      La CEPAL lanza campaña para concienciar sobre la violencia de género .

      Cepal cresce

      Sociedad de la Información CEPAL

      Angelina Jolie fala sobre refugiados (ACNUR BRASIL)

      Acnur 2

      Acnur 1

      sábado, 19 de março de 2011

      Debate - Terceiro encontro de preparação 19

      Debate - Terceiro encontro de preparação 18

      Debate - Terceiro encontro de preparação 17

      Debate - Terceiro encontro de preparação 15

      Debate - Terceiro encontro de preparação 15 / Comitê em Inglês 2

      Debate - Terceiro encontro de preparação 14 / Comitê em Inglês

      Debate - Terceiro encontro de preparação 13 / Debate não moderado 2

      Debate - Terceiro encontro de preparação 12 / Debate não moderado

      Debate - Terceiro encontro de preparação 11

      Debate - Terceiro encontro de preparação 10

      Debate - Terceiro encontro de preparação 9

      Debate - Terceiro encontro de preparação 8

      Debate - Terceiro encontro de preparação 7

      Debate - Terceiro encontro de preparação 6

      Debate - Terceiro encontro de preparação 5

      Debate - Terceiro encontro de preparação 4

      Debate - Terceiro encontro de preparação 3

      Debate - Terceiro encontro de preparação 2

      Debate - Terceiro encontro de preparação 1

      quinta-feira, 17 de março de 2011

      CRISE - ONU aprova 'todas as medidas necessárias' para lidar com a Líbia

      Resolução foi aprovada por 10 dos 15 membros do Conselho de Segurança.
      Brasil, China, Rússia, India e Alemanha se abstiveram de votar.

      O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou nesta quinta-feira (17) a criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e a adoção de "todas as medidas necessárias" para proteger civis contra as forças do governo Muammar Kadhafi, o que na prática autoriza ações militares.
      A resolução foi aprovada por dez dos 15 membros do conselho. Brasil, China, Rússia, India e Alemanha se abstiveram. Não houve votos contrários à medida, que era defendida por França, Inglaterra, Líbano e os Estados Unidos.
      Membros do Conselho de Segurança durante votação da resolução, na sede da ONU, em Nova York, nesta quinta (Foto: Jessica Rinaldi / Reuters) 
      Membros do Conselho de Segurança durante votação da resolução, na sede da ONU, em Nova York, nesta quinta (Foto: Jessica Rinaldi / Reuters)
      O anúncio foi recebido com comemoração por milhares de manifestantes antigoverno na cidade de Benghazi, segunda maior cidade líbia que se tornou o reduto da oposição a Kadhafi.
      A medida foi saudada com fogos de artifício, gritos e tiros para o ar, segundo a TV árabe Al Jazeera. Nesta quinta, o ditador anunciou que as forças governamentais atacariam a cidade na noite desta quinta. O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, advertiu que não há muito tempo para interveir. "Pode ser uma questão de horas".
      A Líbia estima que a resolução da ONU adotada nesta quinta-feira "ameaça a unidade" do país e constitui um "apelo aos líbios para que se matem", disse o vice-ministro líbio das Relações Exteriores, Khaled Kaaim."Esta resolução traduz uma atitude agressiva da comunidade internacional, que ameaça a unidade da Líbia", declarou.
      Segundo o vice-ministro líbio, a decisão é resultado de um "complô" da comunidade internacional "guiado pela vontade de países como França, Grã-Bretanha e Estados Unidos para dividir a Líbia".
      Justificativa brasileira
      A justificativa para a abstenção brasileira na votação, lida pela embaixadora Maria Luiza Viotti durante a sessão, diz que o país não está convencido de que "o uso da força" levará "à realização do nosso objetivo comum – o fim imediato da violência e a proteção de civis".
      "Estamos também preocupados com a possibilidade de que tais medidas tenham os efeitos involuntários de exacerbar tensões no terreno e de fazer mais mal do que bem aos próprios civis com cuja proteção estamos comprometidos", diz o texto, divulgado pelo Itamaraty.

      A justificativa diz ainda que a posição brasileira não deve ser interpretada como "endosso do comportamento das autoridades líbias ou como negligência para com a necessidade de proteger a população civil e respeitarem-se os seus direitos".
      Sanções
      O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, afirmou antes que a resolução irá ampliar as sanções sobre o governo de Kadhafi, sem especificá-las.
      O rascunho da resolução obtido pela agência Reuters antes da votação pede para que haja congelamento dos bens da Libyan National Oil Corp. e do banco central líbio devido a vínculos com Muamar Kadhafi.
      Os Estados Unidos, anteriormente relutantes à ideia de uma intervenção militar, disseram nesta quinta-feira que o Conselho de Segurança da ONU deveria considerar a adoção de medidas mais duras do que a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia.
      "Estamos discutindo muito seriamente e comandando os esforços no Conselho a respeito de uma gama de ações que acreditamos ser eficazes para proteger os civis", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, na noite de quarta-feira em Nova York. "A visão dos EUA é que precisamos estar preparados para contemplar os passos que incluem uma zona de exclusão aérea, talvez indo além dela", afirmou.
      Suspensão
      Mas o debate internacional sobre eventuais ações militares pode se arrastar, dando a Kadhafii tempo para dominar a rebelião, que já dura cerca de um mês.Nesta quinta-feira (17), o exército líbio anunciou que, a partir de domingo, supenderá suas operações militares contra a insurreição para que "os terroristas possam entregar suas armas'.
      A TV estatal líbia disse que disparos e explosões foram ouvidos no aeroporto próximo a Benghazi. Se confirmado, seria o primeiro combate nos arredores da cidade onde a revolução começou, e um sinal do sucesso da contraofensiva governista.
      Os confrontos em torno de Ajdabiyah, uma cidade estratégica na rodovia litorânea, contiveram o avanço do Exército rumo a Benghazi, mas os militares alertaram aos cidadãos que pretendem avançar para a cidade, e recomendaram aos moradores que deixem as áreas controladas pelos rebeldes.
      A TV Al Arabiya disse que cerca de 30 pessoas já foram mortas nos combates em Ajdabiyah. Nos arredores da cidade, há carros queimados nos acostamentos, e as forças do governo exibem à imprensa estrangeira os seus canhões, tanques e lançadores móveis de foguetes -- um poderio bélico muito superior ao que é usado pelos rebeldes.
      A TV estatal informou que as forças do governo capturaram também Misrata, terceira maior cidade líbia, 200 quilômetros a leste de Trípoli. Rebeldes e moradores, no entanto, negaram a afirmação.

      domingo, 13 de março de 2011

      Debate - Segundo encontro de preparação 8

      Debate - Segundo encontro de preparação 7

      Debate - Segundo encontro de preparação 6

      Debate - Segundo encontro de preparação 5

      Debate - Segundo encontro de preparação 4

      Debate - Segundo encontro de preparação 3


      Debate - Segundo encontro de preparação 2

      Debate - Segundo encontro de preparação 1

      Debate - Primeiro encontro de preparação 6

      Debate - Primeiro encontro de preparação 5

      Debate - Primeiro encontro de preparação 4

      Debate - Primeiro encontro de preparação 3

      Professora Fernanda intervindo


      Debate - Primeiro encontro de preparação 2

      sábado, 12 de março de 2011

      Debate - Primeiro encontro de preparação 1

      Professor Euzebio "provocando"

      Kadafi promove manifestações a seu favor 23/02/2011

      Discurso de Gaddafi na ONU

      UE descarta ação militar contra Líbia

      Palavras, sim. Ação militar, não. Essa foi a decisão dos líderes da União Europeia após um dia todo de reunião emergencial para discutir a crise na Líbia.
      Enquanto os opositores do ditador Muammar Gaddafi perdem batalhas e imploram por ajuda militar, presidentes e primeiros-ministros dos 27 países do bloco se recusaram a se comprometer com algo além de uma ajuda humanitária.
      Na declaração final do encontro, consta apenas que a UE "examinará todas as opções necessárias" para proteger a população civil.
      Por ora, estão descartados ataques estratégicos contra o poderio militar de Gaddafi, como defendeu o presidente francês, Nicolas Sarkozy, ou uma área de restrição aérea, como pretendia o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
      Venceu a posição apoiada pela Alemanha - a mesma defendida pelos Estados Unidos-, de que uma ação militar precisa ser precedida de três requisitos: 1) uma clara necessidade; 2) base legal (ou seja, aprovação da ONU); 3) apoio de países árabes.
      Foram as mesmas condições descritas pela Otan (aliança militar Europa-EUA) após reunião anteontem.

      DIPLOMACIA
      Mas houve avanços no campo diplomático.
      A Europa não considera mais Gaddafi como líder líbio, cortou todas as relações com ele e pediu que deixe o poder imediatamente.
      "Queremos que o ditador Gaddafi deixe o poder. Ele não é um interlocutor legítimo para nós porque está travando uma guerra contra seu próprio povo", disse a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel.
      Ao mesmo tempo, o bloco reconheceu o Conselho Nacional Líbio, grupo de opositores do ditador, como um interlocutor político.
      Mesmo assim, foi mais uma derrota para Sarkozy.
      A UE não quis endossar a decisão tomada pelo francês, anteontem, de reconhecer o conselho como governo legítimo da Líbia e enviar um embaixador a Benghazi, cidade no leste da Líbia que funciona como capital da oposição a Gaddafi.
      Ao final do encontro, o derrotado Cameron disse não estar frustrado.
      Em coletiva, manteve a retórica de alerta usada pela manhã. "Simplesmente não sabemos quanto a situação pode piorar ou que horrores já se encontram escondidos no deserto líbio."

      Conflito faz 250 mil saírem da Líbia, diz ONU

      Aproximadamente 250 mil pessoas -a maioria trabalhadores imigrantes- já deixaram a Líbia desde o início dos confrontos em 15 de fevereiro, segundo um levantamento da ONU.
      Em média, 6.000 pessoas por dia cruzam as fronteiras com a Tunísia e com o Egito para escapar da violência e da falta de alimentos.
      Boa parte desses imigrantes se encaminhou para um acampamento com 2.300 barracas, mantido por agências humanitárias e autoridades da Tunísia, em território tunisiano a 7 km da fronteira.
      Lá elas recebem comida, apoio para entrar em contato por telefone com suas famílias e esperam por voos de repatriação.
      O número de pessoas no acampamento flutua entre 15 mil e 17 mil pessoas, com até 3.000 imigrantes chegando diariamente.
      As autoridades afirmam que a situação pode sair do controle, na medida em que o número de repatriados por meio de aviões é menor do que a quantidade de pessoas que procura ajuda.
      O Departamento de Estado dos EUA afirmou que a maioria das pessoas que conseguem sair da Líbia é de estrangeiros, uma vez que os líbios estariam sendo impedidos pelo governo de deixar o país.
      O órgão afirmou que a restrição à saída dos líbios e até de imigrantes pelo governo "é abominável e deve ser fortemente condenada"

      Combates líbios criam "cidade fantasma"

      Na estrada de duas pistas que virou campo de batalha na costa leste da Líbia, os rebeldes continuam a fazer o V da vitória. Mas a cada dia de ataques das forças do ditador Muammar Gaddafi, o gesto parece menos convincente.
      Após perderem terreno durante toda a semana, os insurgentes lutavam ontem para recuperar o controle da estratégica cidade portuária de Ras Lanuf, que sofreu ataques por terra, ar e mar pelo terceiro dia seguido.
      Um tanque de petróleo foi atingido -segundo os rebeldes, pela Força Aérea. Foi a segunda vez na semana que disparos acertaram uma instalação petrolífera. Em ambas, o governo foi acusado e negou ter sido o responsável.
      Imagens da TV estatal líbia mostraram soldados de Gaddafi comemorando a conquista do centro de Ras Lanuf, cidade a 600 km da capital, Trípoli, após uma incursão com tanques.
      Porém no início da noite o motorista de ambulância Hakim Jolgaf, que acabara de voltar com dois rebeldes feridos, contou à Folha que os confrontos prosseguiam.
      "Ras Lanuf virou uma cidade-fantasma", disse ele. "Nenhum dos lados controla totalmente a cidade".
      O desencontro de versões se repetiu ao longo de todo o dia, mas na estrada costeira era claro o recuo rebelde. O ponto mais avançado assegurado pelo levante era Brega, outro importante polo petrolífero, recuado 80 km de Ras Lanuf.
      Em uma semana, a ofensiva de Gaddafi forçou os insurgentes a retroceder 200 km, frustrando a planejada marcha rumo a Sirte, a cidade natal de Gaddafi, na região central da costa.
      O nervosismo é visível entre os rebeldes. Eles reforçaram as barreiras na estrada e passaram a hostilizar os jornalistas estrangeiros.
      Trata-se de uma drástica e súbita mudança em relação ao clima amistoso de poucos dias atrás, quando o triunfo lhes parecia ao alcance.
      A liberdade com que a imprensa estrangeira circulava nas últimas semanas entre os rebeldes é agora cerceada para conter a divulgação de informações e imagens que possam ser usadas pelas forças de Gaddafi.
      A mesma liberdade jamais ocorreu no outro lado da frente de batalha, onde os jornalistas são monitorados ou reprimidos pelo governo, que usa a TV estatal para exibir apenas a sua versão.
      Mesmo nas cidades do leste que ainda estão a uma distância considerável dos soldados de Gaddafi, a preocupação é inegável.
      "Fiquei dez dias na frente de batalha e só voltei hoje porque precisava de um banho", brincou Hussein Gadari, 33, em Ajdabiyah, a cerca de 150 km dos combates. Depois, falou a sério:
      "A artilharia de Gaddafi é muito mais sofisticada que a nossa. Eu não conseguia avançar um passo, porque o fogo era muito intenso".

      HOSPITAIS
      Nem os hospitais de Ras Lanuf e Brega foram poupados. Nas duas cidades, as equipes médicas foram forçadas a se retirar após virarem alvos de bombardeios.
      "Duas ambulâncias estão sumidas e pelo menos cinco escaparam por muito pouco de ataques aéreos", contou à Folha o médico Ezzedin Elfarsi, 28, no pequeno hospital de Brega.
      No oeste do país, além de reveses militares, os rebeldes sofrem atos de vingança. Após vários dias de intensos combates, a cidade de Zawiyah, a 50 km de Trípoli, parecia estar ontem sob controle quase total do governo.
      Uma fonte ligada ao Exército contou à Folha que corpos de insurgentes mortos nos confrontos foram desenterrados pelas forças de Gaddafi, para desonrá-los.

      Quando a infâmia compensa

      JOSÉ Ignacio Torreblanca, pesquisador do Conselho Europeu de Relações Externas, exumou a Guerra Civil espanhola de 1936-1939 para tratar do caso da Líbia, em artigo para "El País".
      Naquela época, a Liga das Nações, precursora da ONU, foi passiva ante um conflito em que "a legalidade e a legitimidade estavam de um lado, e a mera força bruta do outro". Ganhou, se ainda é preciso lembrar, a força bruta, comandada pelo general Francisco Franco, que instalou uma ditadura que durou até sua morte, em 1975.
      Conclui Torreblanca: "Tanto a doutrina de não intervenção na Guerra Civil espanhola como o embargo de armas, que prejudicou especialmente o lado republicano, passaram à história da infâmia".
      Pois é. O mundo dito civilizado está escrevendo, com sua insuportável inação na Líbia, mais um capítulo para a história da infâmia.
      Afinal, em carta conjunta ao presidente do Conselho Europeu, Nicolas Sarkozy e David Cameron dizem que atos cometidos pelo ditador líbio "podem corresponder a crimes contra a humanidade".
      E daí? A Europa, os Estados Unidos, as Nações Unidas vão assistir passivamente a mais um desses crimes, como antes em Ruanda, na Bósnia, em tantos outros lugares?
      O fato de que agir é realmente uma decisão difícil não basta para atenuar a culpa pela omissão.
      No caso da imposição de uma zona de exclusão aérea, que poderia ao menos reduzir a vantagem do tirano, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, lembra, com razão, que idêntica providência não impediu massacres nem no Iraque de Saddam Hussein nem pela Sérvia de Slobodan Milosevic.
      Hillary esquece, no entanto, uma diferença talvez essencial: não havia nem no Iraque nem na Bósnia um movimento de libertação que buscasse ejetar os ditadores de plantão. Toda a ação era de forças estrangeiras, ao contrário do que ocorre agora.
      Fica a nítida sensação de que ao Ocidente importa um pepino que morram árabes e muçulmanos. Afinal, quando morreram brancos (três) em uma discoteca de Berlim, em 1986, em ataque terrorista orquestrado por Gaddafi, o então presidente Ronald Reagan ordenou o bombardeio da Líbia.
      Agora, fica esse festival de retórica, ameaças e reuniões -e ação zero. Se não quer ou não pode atuar por princípios, que o Ocidente ao menos reaja por interesse preventivo.
      Como escreve Scott Stewart para o "site" geoestratégico Stratfor, a Líbia pode voltar a ser o ninho de terroristas que era quando do episódio da discoteca, entre outros. "O conflito na Líbia pode fornecer aos "jihadistas" mais espaço para operar do que o que gozaram em muitos anos", diz Stewart.
      Reforça Christopher Boucek, pesquisador associado do Programa de Oriente Médio da fundação Carnegie: "Os islamitas libertados por Gaddafi e aqueles que escaparam da prisão durante a rebelião são agora capazes de operar em um ambiente de evaporação do controle do Estado, de abundantes depósitos de pequenas armas e de mal guardados estoques de agentes de guerra química".
      O Ocidente vai somar a desídia à infâmia?
       
      CLÓVIS ROSSI 
      São Paulo, sábado, 12 de março de 2011

      Embaixador líbio na ONU renegou Kadhafi

      Conselho de Segurança da ONU decide investigar Kadhafi por crimes de guerra

      Conselho de DH avalia novas acoes contra Khadafi

      quinta-feira, 10 de março de 2011

      Novo Relatório Global da OIT sobre Trabalho Infantil

      A OIT apela para a revitalização da ação mundial contra o trabalho infantil, ao mesmo tempo em que os esforços para erradicar esta prática perdem força
      GENEBRA (Notícias da OIT) – Em meio à crescente preocupação sobre o impacto da desaceleração econômica, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) advertiu hoje em um novo relatório que os esforços para eliminar as piores formas de trabalho infantil estão perdendo força e exortou para que seja “revitalizada” a campanha mundial para erradicar esta prática.
      A OIT, em seu Relatório Global sobre trabalho infantil que é publicado a cada quatro anos, diz que o número mundial de crianças trabalhando diminuiu de 222 milhões para 215 milhões durante o período 2003-2008, ou seja, cerca de 3 por cento, o que representa “uma desaceleração no ritmo de redução em nível mundial”. O relatório também menciona a preocupação de que a crise econômica mundial possa “frear” os avanços em direção ao objetivo de eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2016.
      “O progresso foi desigual: não foi suficientemente rápido ou exaustivo para alcançar os objetivos que estabelecemos”, disse o Diretor-Geral da OIT, Juan Somavia. “São necessários novos esforços e em uma escala maior. A atual situação nos chama para revitalizar a campanha contra o trabalho infantil. Devemos intensificar a ação e acelerar o ritmo”.
      Juan Somavia acrescentou: “A desaceleração econômica não pode converter-se em uma desculpa para cercear a ambição e cair na inatividade. Ao contrário, nos oferece a oportunidadade de implementar as medidas políticas que as pessoas, a recuperação econômica e o desenvolvimento sustentável demandam”.
      O novo relatório da OIT, intitulado “Acelerar a luta contra o trabalho infantil” foi apresentado às vésperas de uma conferência mundial sobre o trabalho infantil em Haia, Holanda, organizada pelo governo dos Países Baixos em colaboração com a OIT. Somavia disse que a conferência, que analisará um “roteiro” para a eliminação do trabalho infantil em 2016, dará um novo ímpeto à ação mundial.
      Tendências desde 2006
      Os resultados do novo relatório contrastam com a avaliação feita em 2006, que apresentava um panorama alentador. O relatório atual mostra um progresso “desigual” em direção ao objetivo de eliminar as piores formas de trabalho infantil até  2016. O relatório adverte que, a persistirem as atuais tendências, a meta de 2016 não será alcançada.
      A boa notícia é que foi mantido o padrão geral de redução do trabalho infantil: quanto mais perigoso o trabalho e mais vulneráveis as crianças envolvidas, mais rápida é a queda. No entanto, um número alarmante de crianças – 115 milhões – ainda está exposto a trabalhos perigosos, uma variável que com frequência se utiliza para referir-se às piores formas de trabalho infantil.
      O relatório também separa os dados por idade e gênero. O maior progresso foi registrado entre meninos e meninas de 5 a 14 anos. Neste grupo, o número de meninos e meninas trabalhadoras diminuiu em cerca de 10 por cento. Seguindo com a mesma faixa de idade, o número de meninos e menias em trabalhos perigosos diminuiu em cerca de 31 por cento. O trabalho infantil entre as meninas diminuiu de maneira considerável (em 15 milhões, o que corresponde a cerca de 15 por cento). No entanto, aumentou entre os meninos (em 8 milhões, o que corresponde a cerca de 7 por cento). Além disso, o trabalho infantil entre os jovens de 15 a 17 anos aumentou em cerca de 20 por cento, de 52 milhões para 62 milhões.
      O Relatório Global também inclui dados agregados por região. Mostra, por exemplo, que Ásia e Pacífico e América Latina e Caribe continuam reduzindo o trabalho infantil, enquanto que a África Subsaariana registrou um aumento tanto em termos relativos como absolutos. Esta região tem, além disso, a mais alta incidência de crianças trabalhadoras, com um em cada quatro crianças envolvidas em trabalho infantil.
      Constance Thomas, Diretora do Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC, sigla em inglês) da OIT, assinalou alguns dos principais desafios pendentes na lutra o trabalho infantil: a magnitude do problema na África, alcançar um avanço significativo no setor agrícola – onde trabalha a maioria das crianças – e a necessidade de abordar certas formas “ocultas” de trabalho infantil que, com frequência, também são classificadas como as piores formas de trabalho infantil.
      “A maior parte do trabalho infantil tem origem na pobreza. É clara a forma pela qual devemos combater este problema. Devemos garantir que todas as crianças tenham a oportunidade de ir à escola, são necessários sistemas de proteção social que apoiem as famílias vulneráveis, em especial em tempos de crise, e devemos assegurar que os adultos tenham oportunidades de trabalho decente. Estas medidas, combinadas com a aplicação efetiva das leis que protem as crianças, determinam o caminho a seguir”, disse Constance Thomas.
      O programa IPEC foi lançado em 1992. No biênio 2008-09, o IPEC realizou atividades em mais de 90 países, inclusive no Brasil.
      A Conferência mundial sobre trabalho infantil que se realizará em Haia nos dias 10 e 11 de maio reunirá cerca de 450 delegados provenientes de 80 países. A reunião servirá também como plataforma para o lançamento de um relatório realizado pela OIT, o Banco Mundial e o UNICEF. O relatório, “Unidos na lutra contra o trabalho infantil. Relatório interagencial para a Conferência mundial sobre trabalho infantil de Haia 2010”, apela para que o combate ao trabalho infantil seja colocado entre as prioridades de desenvolvimento dos países. O relatório também apresenta uma série de dados que mostram que o trabalho infantil constitui um impedimento importante para o desenvolvimento nacional.

      Para mais informações sobre a reunião de Haia, por favor visite:
      www.childlabourconference2010.com
      Veja a íntegra do relatório (em inglês)
      Veja os principais fatos do relatório
      10.05.2010